sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Última dor

Enraivecida pelo que se passava comigo deixei o meu corpo nu e pus-me debaixo da água gélida do chuveiro.
Os pensamentos fluíam no tempo em que parado fazia doer em mim um sentimento de repugnância e nojo. Sentia que nada me pertencia, que estava só e imunda, senti o meu corpo duro, sentia a impossibilidade de respirar, de o meu coração bater e senti a ultima lágrima a cair no meu rosto.
Senti a ultima dor, a primeira perda!
A razão falhava-me, a emoção envolvia-me, tive medo de estar só, tive medo de abrir os olhos.
Desliguei a agua, sai do chuveiro… olhar-me no espelho fez-me ter nojo de mim, fez-me acreditar que tudo não passar de um pesadelo que iria passar quando eu acordasse.
Já no meu quarto, enquanto enrolada na toalha tentava passar para o papel todos os meus sentimentos, todos os meus medos. O chão parecia um mar de sonhos rasgados, e mundos perdidos.
Ainda enraivecida, todos os objectos que estavam, na minha secretaria, foram projectados para o chão, e ai senti alivio, uma pequena descarga de energia.
Agora mais calma, mais ainda pensativa deitei-me.
Adormeci. Adormeci e sonhei como se acordada vivesse!

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