sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Última dor

Enraivecida pelo que se passava comigo deixei o meu corpo nu e pus-me debaixo da água gélida do chuveiro.
Os pensamentos fluíam no tempo em que parado fazia doer em mim um sentimento de repugnância e nojo. Sentia que nada me pertencia, que estava só e imunda, senti o meu corpo duro, sentia a impossibilidade de respirar, de o meu coração bater e senti a ultima lágrima a cair no meu rosto.
Senti a ultima dor, a primeira perda!
A razão falhava-me, a emoção envolvia-me, tive medo de estar só, tive medo de abrir os olhos.
Desliguei a agua, sai do chuveiro… olhar-me no espelho fez-me ter nojo de mim, fez-me acreditar que tudo não passar de um pesadelo que iria passar quando eu acordasse.
Já no meu quarto, enquanto enrolada na toalha tentava passar para o papel todos os meus sentimentos, todos os meus medos. O chão parecia um mar de sonhos rasgados, e mundos perdidos.
Ainda enraivecida, todos os objectos que estavam, na minha secretaria, foram projectados para o chão, e ai senti alivio, uma pequena descarga de energia.
Agora mais calma, mais ainda pensativa deitei-me.
Adormeci. Adormeci e sonhei como se acordada vivesse!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Apenas ficou a falta de ti

Eu sabia que um dia tudo isto ia acabar.

Eu sabia que um dia iria perder todo o teu amor, mas por o meu coração te amar demais, quis convencer-me de que te iria conquistar, iria conquistar o teu amor, e que talvez pudesses gostar de mim, tanto quanto eu gosto.
Tentei ganhar o lugar que eu sempre quis mas tu nunca me prometeste que irias tentar, que irias mudar, e por isso não te posso apontar o dedo, não posso dizer que erraste. Fui só eu quem errou, pois mesmo sabendo que seria tudo em vão, acreditei naquilo que sentia.
No fundo eu sabia que um dia ia acabar esta ilusão, mas embriagada pelo poder do teu suposto amor pensei que o tempo me ajudasse.
E agora que tudo teve um fim sinto um vazio, uma falta, uma dor que acabou com tudo de mim. Senti que levaste a minha vida, a minha vontade de viver. Levaste a minha alma e no peito apenas deixaste um pobre coração desfeito que não sabe mais bater.
Quero deixar de te amar, quero deixar de me sentir á deriva, mas a minha essência foi contigo, e sem ela já não sou a mesma.

Agora talvez entendas o porque de não veres choro e sofrimento, pois não é por já não te amar, porque não choram os meus olhos, mas sim o meu coração.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

o grande final


Por vezes tomamos decisões precipitadas, tomamos decisões completamente absurdas e sem nexo. Fazemos coisas que não deveriam nunca ser feitas, dizemos coisas que não deveríamos dizer. Naquele momento nada nem ninguém nos impede de tomar essas decisões, ninguém nos consegue parar. Por muito que a realidade nos seja imposta existe sempre uma pequena luz que nos guia no caminho que desejamos seguir.
Lutamos incansavelmente por aquilo que mais desejamos e precisamos. Deixamos de lado coisas importantes, ignoramos coisas especiais, mentimos, fazemos esquemas, desprezamos tudo e todos e vamos para a aventura.
Apenas o simples desejo nos move.
A certeza de que vamos desfrutar de um momento puro e perfeito faz-nos acreditar em tudo. Faz-nos agir em função do nosso objectivo sem pôr em causa o sofrimento que poderemos vir a ter.
Queremos apenas desfrutar de oportunidades, aproveitar os momentos com a certeza que tudo irá trazer-nos ainda mais felicidade do que aquela em que já supostamente estamos a viver.
E quando isto acontece é devido á cegueira que não nos deixa enxergar a realidade. A realidade está mesmo ao nosso lado, está ali para nos tentar recordar de que nem sempre as coisas correm como esperado, que tudo tem um fim.
E por estarmos cegos, cegos por amor, não olhamos para o nosso lado e percebemos o que se está realmente a passar, apenas estamos felizes. Felizes na ignorância, mas acima de tudo achamo-nos gloriosos por pensarmos ter atingido a nossa meta.
De certo modo não condeno quem vive feliz na ignorância, afinal está feliz. Enquanto é ignorante não sofre pelas advertências que a nossa vida nos cria.
A vida por vezes traz-nos pessoas que pensamos ser as ideais, pensamos que serão a ‘tal’. A que nos vai trazer os momentos mais intensos e felizes que jamais teremos. De certo modo isto é verdade, de certo modo poderemos vir a passar esses tais momentos especiais, o que magoa é o facto de eles não durarem o tempo que desejaríamos que durassem.
Quando acreditamos nos nossos sonhos e arriscamos sem pensar nas tais consequências e sem por em causa a tal realidade, sofremos mais tarde.
A vida tem o papel de nos fazer crescer, tem o papel de nos pôr á prova e nos fazer sofrer de modo a que aprendemos a ser pessoas civilizadas e independentes.
Aprendemos com ela a ser uma pessoa melhor, a ter confiança em nós próprios e acima de tudo a não ser um sonhador.
Ter expectativas a partir de sonhos não nos leva a lado nenhum. Só nos farão cair por terra e perder pessoas que nos são essências.

Sei que criei demasiadas expectativas, sei que não olhei para o meu lado e encarei a realidade como sendo uma amiga, mas sim como uma destruidora de sonhos.
Agi de forma errada e arrisquei demasiado.
Mas o meu momento de deixar a ignorância e partir para a dura realidade chegou. Chegou e com ele trouxe-me toda a dor e sofrimento que eu jamais tive em toda a minha vida.
Agora sei o que é sentir medo e insegurança. Sentir que nada me pertence.
Não me pertence a vontade nem as palavras. Pertence-me sim este medo de o perder para todo sempre e todos aqueles momentos vividos serem perdidos.
É tão bom recordar aquele beijo que até hoje está gravado em mim e quando vem a noite fico doida por me deitar e sonhar com ele. Sentir que quando penso nele me perco no tempo.
Recordar todos aqueles momentos que passei e todas as palavras que foram ditas e agora esquecidas. Que tudo o que construímos não passou de um divertimento que juntos passámos.
Acreditaria que isto não passasse de um sonho se não doesse tanto o que sinto e não sentisse as lágrimas a correr pelo meu rosto.
Acreditaria nisso e em muito mais, mas a dor é mais forte que o próprio desejo.
Eu faria tudo para não o perder assim.
Mas deixo-o ir…
… porque afinal nada mudou!

domingo, 5 de setembro de 2010

infelizmente encontrei

Todos me disseram que o amor trazia uma paz de espírito e acima de tudo muita felicidade.

Disseram-me que não existia nada melhor que estar ao lado de um alguém, que não sabe-se muito bem porque, nos fazia sorrir e rejuvenescer.
Era um sentimento muito contraditório, com definição variável dependendo de quem o sentia, que nos mudava muito desde a sua chegada ao nosso coração e ás nossas vidas.
Alem de ser inesperado chegava cheio de força e emoção trazendo beijos e muito carinho, no entanto a partir do momento em que entra na nossa vida não haveria volta a dar pois ele nos faria dele seus prisioneiros.


Sempre duvidei, simplesmente não entendia.

Quando alguém me falava dele, suspirava e sentia agonia pra o sentir.
O tempo, o mestre de todos os dias e de todas as horas passou por mim sem ver, sem perceber que eu ansiava por amar e por sentir todas aquelas sensações que o amor trazia.
E, agora já sei que quando falta a respiração é a prova que um coração já não sabe mais viver sem um alguém.
Agora já sei que me falta sempre a razão para traduzir melhor a emoção do que trago aqui dentro de mim e que por medo não quer sair.
Te amar de verdade, sentir saudades mas só tuas, apenas tuas é amar.


É que eu sempre duvidei e não sabia que esse verdadeiro amor tinha chegado e que, infelizmente, eras tu.


sábado, 4 de setembro de 2010

Tela da vida, certezas que traz


Hoje sinto-me estranha. Sinto-me perdida em pensamentos, de tudo aquilo que já vivi, que vivo e decerto viverei. Não acredito em destino, acredito sim, que a vida não passa de uma grande tela e que só terá um fim quando concluíres a ultima pincelada.

Não podes ter medo de errar, pois se tens o pincel na mão, podes sempre mudar e tornar aquilo que fizeste em algo diferente.

Cada traço deve ser traçado com simplicidade. Não posso, sei que não posso, quando terminada a tela, mudar aquilo que lá imprimi. Cada cor, cada pincelada tem que ser pensada e entendida com o coração. Posso errar, eu sei.

Mas é tudo mais fácil quando pensas, quando tens um objectivo e lutas por ele, portanto eu o farei.

Criarei sonhos, e se o fizer com alma, com amor, terei a tela mais bela do mundo, porque sei que estarás lá.

Posso até ser das pessoas mais vingativas e orgulhosas deste mundo, mas hoje percebi que tenho sentimentos. E são sem duvida os sentimentos mais nobres que podem existir.

Senti que amo de forma diferente, e que posso faze-lo sem medos. Olhei o mar, olhei pra lá do horizonte e finalmente não vi o vazio. Vi sim, aquilo que me faz mover, que me faz crescer e sorrir.